A ORATÓRIA FORENSE
- Fermino Neto
- 2 de jul. de 2024
- 3 min de leitura

A oratória para advogados é um diferencial na carreira. O problema é que a maioria das faculdades ensina disciplinas técnicas (nada mais natural). Porém esquece que, para implementar quase tudo do que é visto na faculdade, o advogado precisará se comunicar com excelência.
Pouca gente por aqui sabe, mas, em 2023, em co-autoria com o dr Luís Pereira de Capivari, advogado e escritor da Academia Piracicabana de Letras, eu publiquei o livro ORATÓRIA FORENSE, INSTRUÇÕES PARA OPERADORES DO DIREITO. Ainda não lançamos nesta sessão da OAB tão profícua, mas está no radar.
Num tempo não muito distante entravamos num escritório de advocacia com pomposa estrutura para reuniões, contendo uma mesa grande, garrafa de café, pão de queijo, projetor, quadro para anotações, e claro, o convite via e-mail.
“Como vamos fazer isso? Reservei a sala de reuniões, venha e lá resolveremos.”
E aí depois de uma hora de reunião você advogado e seu cliente percebiam que bastaria um bem redigido e-mail, áudio ou vídeo para solucionar a questão.
Enquanto passamos pela turbulência da mudança, temos que nos adaptar com a nova realidade: as videochamadas que mesmo pós pandemia muitas empresas e escritórios de advogados adotaram como principal canal de comunicação.
Como proceder durante uma reunião virtual? Ouso afirmar duas coisas: o conhecimento profundo do conteúdo da matéria a ser apresentada, no caso a questão do cliente, seja ele pessoa ou empresa. E a segunda coisa funcional durante uma reunião à distancia é a forma como o advogado e o cliente vão se entender. Um fala outro ouve enquanto outro ouve outra fala. Sem esta competência ou habilidade perderão tempo e vão passar o resto da vida a se queixar dos novos métodos.
Aprendi com o dr Luís Pereira que a sistematização do discurso é de máxima importância na linguagem e comunicação jurídica. “Há profunda relação entre o Direito e a linguagem”, diz com toda convicção de seus 35 anos de portas abertas com grande sucesso.
Quando falamos de oratória numa conversa particular com advogados, ou num dos centenas de cursos que já ministrei, a pergunta do jurisconsulto é: “o que devo fazer?”
A resposta é até bem simples. Foi-se o tempo em que somente os advogados criminais tinham que saber se expressar para convencer o júri na hora H em defesa de seu cliente. Hoje até mesmo numa simples audiência particular com o juiz ou promotor, num encontro com o cliente ou numa visita ao cartório o advogado precisa ter clareza na voz e segurança nos gestos e postura, no olhar e na intencionalidade.
Elementos básicos da oratória jurídica. Falar e ouvir com disciplina: Emissor- mensagem – receptor e vice versa. Na audiência é fundamental o entendimento mútuo, usar feedback – resposta. Conhecimento das leis e dos atalhos para se servir. Técnicas de persuasão, se tem uma profissão em que o convencimento é fundamental é no exercício do Direito. Argumentação com técnicas de raciocínio lógico, Voz agradável, clara, bem colocada sem empáfia. Gestos com naturalidade, muita pose pode suscitar desconfiança e soar falso ao público. Postura ereta, firme, sem ser metido, se esforçando para se impor na marra.
O operador do Direito, principalmente o advogado, que domina a oratória tem capacidade de influenciar e persuadir. Usando essas técnicas é possível ir muito além de apresentar o ponto de vista com clareza.
A profissão de advogado exige boa fala e comunicação assertiva. Quando o profissional fala que tem formação em Direito é comum que as pessoas já o imaginem com uma excelente oratória e argumentando de forma bem eloquente em uma tribuna. Os advogados que investem num bom treinamento de oratória nunca se arrependem.





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