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A oportunidade que a secretária perfeita não aproveitou


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Naquela manhã de outono Maria Helena acordou como sempre, ao som do despertador e sem a menor vontade de deixar a cama esperando até a noite voltar. Esticou o braço esquerdo, bocejou, ergueu o celular que tocava em cima do criado mudo e desligou o seu som. Respirou fundo, mentalizou forças e começou a fazer suas orações como de costume, deitada ainda, mas de olhos fechados e com devoção, compenetrada e cheia de esperanças no dia que estava começando.

Saiu no corredor em direção ao banheiro para sua higiene matinal e se deu conta que alguém da família roncava ainda como se não houvesse amanhã.

Maria Helena era a secretária do CEO, com prestação de serviço bilíngue por mais de 20 anos. Tudo que ela queria era melhorar a sua posição na empresa a fim de nos próximos 10 anos pleitear aposentadoria digna e final de vida confortável para ela e para o noivo com quem estava prestes a se casar e com sorte gerar uma ou duas crianças.

Sua idade ameaçava o sonho de ser mãe, pois beirava já os 38 anos de idade e a família recomendava com insistência que tomasse tento.

A empresa tinha nela uma ancora poderosa em matéria de atendimento aos fornecedores e prestadores de serviços que precisavam conectar o CEO. Além dela a empresa tinha mais secretárias de outros diretores e alguns gerentes.

Cumprimentando a todos Maria Helena entrou na empresa sorrindo e espalhando amor e positividade. Ao pisar na própria sala deu de cara com o CEO já ligado nos 220 querendo fazer dar certo:

- Bom dia, Lena. Tudo bem? Sabe o que eu quero de você no primeiro horário?

- O que seu Celso?

- Que convoque todas as secretarias, diretores e gerentes para uma reunião foguete de alinhamento comunicacional, em função de melhorar o desempenho da comunicação nos departamentos.

- Pois não, conte com isso.

- Vou precisar muito que você apresente o perfil da boa secretária, conte a sua história pessoal e nos ajude a melhorar a performance das outras. Elas ficam muito tempo em assuntos particulares, distraídas, fofocando e desconcentradas do essencial. Já ordenei à diretoria de RH, nessa reunião anunciarei o cargo de coordenadora das secretárias que renderá uma remuneração adicional em carteira. Para você ocupar o cargo é um bom começo todos terem claro a sua experiência e o quanto entende do assunto e está disposta a ajudar a empresa.

Maria Helena começou a tremer e suar, se desesperou tanto que disse ao chefe, com o qual achava que podia contar até nos piores momentos como este:

- A convocação para as 10h eu faço, mas falar não, por favor, seu Celso. Fale o senhor, fala tão bem.

Confuso e irritado, o homem não disse nada e saiu para a enorme sala que ocupava ao lado de Maria Helena. E pensou consigo mesmo uma alternativa que não findasse em fiasco. Na hora da reunião jogou no ar o que seria exposição de Maria Helena tudo em forma de pergunta:

- Temos que otimizar mais a colaboração das secretarias, a empresa está crescendo e os diretores e gerentes vivem reclamando na reunião de cúpula. Qual seria o perfil de uma boa secretária?

Do nada a pior das secretarias sugeriu:

- Aquela que se comunica bem, que possui prática nas rotinas de escritório, habilidade para assumir responsabilidades sem supervisão direta, iniciativa e autonomia para tomar decisões e solucionar problemas. Podíamos ter um treinamento para aprendermos a fazer isso com excelência, afinal falta a todas mais liderança, confiabilidade, espírito de equipe, criatividade, ética, descrição, dinamismo, ser polivalente. E, ao CEO anunciar o novo cargo, nomeou sem pestanejar esta que não tinha timidez.

 
 
 

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